sexta-feira, 9 de abril de 2010

Jovens começam a usar drogas cada vez mais cedo



Pesquisa mostra que a maconha é a droga mais usada


Textos e fotos Francisco Lima

Uma das drogas mais usadas pelos jovens é a maconha, segundo uma pesquisa feita pelo Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras drogas (Cratod), realizada com jovens de 12 a 18 anos. A pesquisa aponta que 67% dos adolescentes têm a maconha como droga preferida. O estudo ouviu 112 jovens na cidade de São Paulo, foi feito com base em atendimentos realizados entre 2007 e 2009 pelo Cratod.

Segundo Luizemir Lago, diretora do Cratod e responsável pela pesquisa, quanto mais cedo acontece o contato com as drogas, maior a chance do jovem ficar dependente. “Cerca de 2% dos jovens têm o primeiro contato com entorpecentes aos sete anos,” afirma Luizemir.


Jaques Chulam, 35 anos, começou a usar drogas aos 11 anos. “Encontrei nas drogas uma fórmula mágica. Era algo que me dava uma falsa impressão de bem-estar, mas que me prejudicou muito. Comecei com cola, lança-perfume, cerveja e maconha tudo isso quando tinha apenas 11 anos. Depois veio o LSD, cocaína, ecstasy e finalmente crack”, conta Jaques que já foi surfista e ex-estudante de engenharia. Em 2004 Jaques foi preso no aeroporto de Lisboa por tráfico internacional de drogas. O brasileiro estava com um paraglider “recheado” de cocaína. Passou quase dois anos preso, obteve a liberdade condicional por bom comportamento e, sendo brasileiro, foi extraditado. Longe das drogas e do tráfico Jaques resolveu escrever um livro para contar sua história, “O livro se chamará: Surfista, ex-drogado, ex-traficante, e pretendo lançar ainda em 2009.”

Para o jovem Lucas Castro, 16 anos, morador do Jardim Paulistano, o contato com as drogas vai muito de “embalo”, e as drogas nunca o influenciaram na sua vida, mesmo tendo contato indireto com ela. Na família de Lucas seu pai e sua irmã são usuários de maconha. “Nunca me deu vontade de experimentar, mesmo vendo amigos e até pessoas da minha família usando, isso vai muito da vontade de cada um, tenho amigos que até já morreram por causa de drogas, e não é isso que quero pra minha vida.”

Para Clayton Santos, 23 anos, quem se envolve com drogas tem a mente fraca. “Se a pessoa tiver força de vontade ela consegue parar, afinal é ela quem comanda suas atitudes e não a droga. Perguntado pela nossa reportagem se já tinha experimentado algum tipo de droga, Clayton revela:” Só uma única vez em que ia experimentar um cigarro de maconha, antes de levar à boca, ouvi minha mãe me chamar de longe, parece que foi um sinal, depois desse dia nunca mais quis saber de experimentar nenhum tipo de droga”.

Nem sempre essa história se repete em muitos casos os jovens acabam entrando em um caminho sem volta, trazendo dor e angustia não só para eles, mas para todos os seus familiares, que acabam sendo afetados indiretamente por esse grave problema.


Uma luz no fim do túnel
Tratamento gratuito para usuários de drogas

O serviço do Centro de Atendimento Psicossocial de Álcool e Droga (CAPS) é um serviço da prefeitura de São Paulo e existe há 12 anos. O serviço conta com dois tipos de especialidades: o psiquiátrico e de álcool de drogas. Segundo a gerente do CAPS da região central, Maria Aparecida Ranieri, cada região tem pelo menos um CAPS, mas o da região central localizado na Sé é o que atende mais dependentes por ter uma estrutura maior, além de ser o único 24 horas. O centro de tratamento a álcool e drogas da prefeitura e composto por uma gerente, oito psicólogos, dois terapeutas ocupacionais, oito médicos psiquiatras e duas assistentes sociais.

“Nosso serviço e feito através de triagem. O paciente é entrevistado por uma assistente social para saber por onde começar o tratamento. Logo em seguida o paciente já e encaminhado para o tipo de tratamento adequado”, revela Maria Carolina de Moraes, uma das psicólogas do CAPS. Mas para chegar nessa triagem o caminho pode ser mais difícil do que parece. Na maioria das vezes o paciente não quer se tratar, e chega até o CAPS pelos próprios parentes, que geralmente não têm mais a quem recorrer. O tempo do tratamento é relativo, varia de acordo com cada paciente, há casos que demoram meses e há outros que podem durar anos, tudo depende da força de vontade de cada paciente. Esclarece à psicóloga.

A prefeitura disponibiliza de um telefone, o chamado “Disque Drogas”, onde qualquer pessoa pode ligar para obter informações sobre drogas, tratamento ou orientações de como tratar um usuário.



Serviço
Saiba mais sobre o serviço Disque Drogas
Telefones 0800-7713163 ou 3105-2645 - funciona de 2ª a 6ª feira, das 8:00 às 18:00 h.
Presta informação e orientação relacionadas ao uso de drogas.

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