sexta-feira, 9 de abril de 2010

BASTIDORES!!!



Pessoal fazer essa revista não foi nada fácil, mas ao mesmo tempo foi um aprendizado muito grande, porque ela foi feita inteira pela gente desde fotos, textos, apurações, diagramção e tudo que uma revista têm direito.

Mas o resultado valeu a pena...


Espelho da revista, foi daí que ela saiu






Hip hop é alternativa de lazer e aprendizado para o jovem da periferia

Campeonato de Break “Tribos” realizado no bairro do Real Parque

O hip hop é uma das mais populares formas de expressar a cultura dos jovens da periferia no mundo inteiro. No Brasil, foi difundido por volta da década de 1980. Possui quatro elementos básicos distintos, que pregam a não violência e o não uso de drogas.

Por Nicolli Oliveira

“Nossas lanças se tornaram microfones; nossos escudos toca discos. Nossa capoeira fundiu-se na expressão do break; as pinturas que retratavam os feitos históricos de nossos ancestrais, agora são representadas pelo grafitti,e o grito de resistência do nosso povo negro hoje emana das vozes dos rappers(...)” Essa frase dita pelo Dj TR, traduz com perfeição o real significado da cultura hip hop, que não é apenas uma forma de lazer, mas sim filosofia de vida.
O hip hop possui quatro elementos básicos distintos, que são o dj, o rap, o break e o graffiti (ou grafite). Cada um desses elementos teve uma origem diferente e são formas de expressão diferentes, que tanto unificados quanto independentes, fazem parte do mesmo conjunto.
O site www.movimentoenraizados.com.br, que tem como projeto conscientizar o jovem brasileiro, diminuindo assim as desigualdades sociais, explica o que são os quatro elementos:
* O Dj é a parte tocada, é ele quem comanda as batidas e dá ritmo à letra. É o artista responsável pela mixagem, ato de tocar duas músicas ao mesmo tempo igualando seus BPMs (batidas por minuto). Os instrumentos básicos de um DJ são: Pick-ups (toca-discos) e mixer.
* O Rap (rhythm and poetry) é o elemento que compõe a música é a parte cantada ou falada onde os rappers “expressam” suas indignações, amores e ódios.
* O Break (quebra) é a dança, a expressão corporal dos B. Boys (dançarinos). Desempenhou outra função social muito importante que foi a de amenizar as brigas entre gangues, substituindo-as por disputas através de “desafios ou rachas” em rodas de break, com coreografias acrobáticas e estilizadas. Levou este nome pelos movimentos de “quebrar” e por representar uma ruptura cultural com o sistem opressor pós Segundo Guerra Mundial.
* O Graffiti começou com os escritores de hip hop, e ganhou destaque na década de 1970 nos bairros pobres de Nova Iorque quando garotos rabiscavam seus nomes nas paredes fazendo "tags" (assinatura dos grafiteiros). É a expressão através de pinturas e desenhos, levando o hip hop às classes sociais mais altas, através de exposições em galerias de arte, ultimamente muito freqüentes. Tem influência latina e seus maiores graffiteiros vieram de países como Colômbia, Porto Rico, Bolívia e Costa Rica. O graffiti é o único componente do hip hop que é proibido por lei.
Algumas pessoas ou grupos alegam que o hip hop possui mais de quatro elementos, como os membros da “Zulu Nation Brasil”, que prega o hip hop com 5 elementos, além dos quatro já conhecidos um quinto, que seria o conhecimento à cultura, a consciência. O membro zulu tem uma lista de 19 deveres que devem ser seguidos, como por exemplo, os chefes devem ser respeitados, todos devem participar das reuniões e todos devem buscar conhecimento e elevação para darem condições à "selva" do mundo.
Os nomes mais importantes da cultura hip hop no Brasil são King Nino Brown, presidente da Zulu Nation Brasil e Nelson Triunfo, considerado pai do hip hop no Brasil.
Cabelos black power, dread. Negros, mulatos, brancos. Calor humano. Alegria. Amizade. Paz. Estas palavras expressam a primeira impressão de quem participa pela primeira vez de um evento de hip hop em São Paulo, como o “Hip Hop Dj 2009”, realizado em todas as quartas-feiras de outubro e que terá a final no dia 8 de novembro, as eliminatórias tem uma média de público de 280 pessoas, o que mostra grande interesse da população. O evento representa os DJs de hip hop do país há 12 anos e está sendo realizado na Galeria Olido, no centro de São Paulo. "Ocupar a galeria tem muito a ver com valorizar a revitalização do centro da cidade. Ficamos felizes, ainda mais porque a final do evento (no dia 8 de novembro), será no mês da Consciência Negra", relata Dj Big Edy, um dos organizadores do campeonato. O vencedor levará para casa um par de toca-discos Technics e um fone de ouvido, além de ganhar passaparte para a final do DMC Brasil 2010.
O segundo lugar levará um Mixer e um fone de ouvido e o terceiro lugar levará apenas um fone de ouvido.
O evento este ano foi pautado por diversas mídias, como: Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, TV Brasil, blogs e sites. “Há uma negociação com a MTV para cobrir a final do campeonato, mas nada confirmado ainda”.
revela El.

A cultura hip hop, é uma filosofia de vida e cresce a cada dia no país, e não só por modismo, mas por razões sociais, como um grito de socorro da população da periferia que sempre sofreu preconceito. Dj Preto El, organizador do evento Hip Hop Dj 2009 diz que sofreu preconceito por gostar de hip hop inúmeras vezes e esse preconceito começou ainda na escola, praticado justamente pela diretora, que tem como papel orientar os alunos.
Elton Aparecido de Oliveira, 31, mais conhecido como Dj Preto El, é produtor cultural e organizador de vários eventos de hip hop como o 4/4 Batidas e Scratches e o próprio Hip Hop Dj 2009, que organizou juntamente com Dj Big Edy e Dj Zulu.
De acordo com El, o “Hip Hop Dj”, foi por 11 anos o único campeonato de Djs do Brasil, mas hoje já existem outros, como o DMC Brasil(cuja final será realizada em Londres), 4/4 Batidas e Scratches, Confronto DJs, e para o ano que vem está chegando mais um campeonato internacional chamado IDA (International DJs Association). “Eu julgo estes eventos como uma grande perspectiva para quem é, normalmente, oriundo de periferia e, o que cotidianamente tem à disposição são o crime e as drogas”, conclui El.
El, também fala sobre as perspectivas dos Djs em viver da música: “Esse é o sonho de consumo de quem trabalha com música em geral. Poder viver da arte. Mas não é o que acontece normalmente. Temos diversas dificuldades, e uma delas é que precisamos trabalhar com outras coisas para mantermos essa arte em movimento. Até mesmo quem já está inserido na noite (DJs que tocam em casas noturnas) passam por seus apertos, muitos sonham em ter equipamentos para treinar, pois em muitos casos, boa parte não tem o mínimo para poder desenvolver as técnicas.”. El também diz que a maioria dos Djs vêm de comunidades carentes espalhadas pelo Brasil.
Mulheres também participam do movimento hip hop e competem nos quatro elementos. Como é o caso da Dj Lisa Bueno, finalista do Hip Hop Dj 2008, iniciou sua carreira aos 13 anos e hoje é a maior revelação feminina do turnbalism (arte de riscar e criar batidas nos toca-discos). Sobre mulheres atuantes, Lisa diz: "No começo eu ficava nervosa, era sempre a única moça. Tive que ser muito corajosa", hoje comemora a entrada de mais uma mulher nos campeonatos (Dj Simone).

DJ Lisa Bueno, as mulheres estão cada vez mais presentes no turnbalism



Dj Big Edy, um dos organizadores do “Hip Hop Dj 2009”

Jovens começam a usar drogas cada vez mais cedo



Pesquisa mostra que a maconha é a droga mais usada


Textos e fotos Francisco Lima

Uma das drogas mais usadas pelos jovens é a maconha, segundo uma pesquisa feita pelo Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras drogas (Cratod), realizada com jovens de 12 a 18 anos. A pesquisa aponta que 67% dos adolescentes têm a maconha como droga preferida. O estudo ouviu 112 jovens na cidade de São Paulo, foi feito com base em atendimentos realizados entre 2007 e 2009 pelo Cratod.

Segundo Luizemir Lago, diretora do Cratod e responsável pela pesquisa, quanto mais cedo acontece o contato com as drogas, maior a chance do jovem ficar dependente. “Cerca de 2% dos jovens têm o primeiro contato com entorpecentes aos sete anos,” afirma Luizemir.


Jaques Chulam, 35 anos, começou a usar drogas aos 11 anos. “Encontrei nas drogas uma fórmula mágica. Era algo que me dava uma falsa impressão de bem-estar, mas que me prejudicou muito. Comecei com cola, lança-perfume, cerveja e maconha tudo isso quando tinha apenas 11 anos. Depois veio o LSD, cocaína, ecstasy e finalmente crack”, conta Jaques que já foi surfista e ex-estudante de engenharia. Em 2004 Jaques foi preso no aeroporto de Lisboa por tráfico internacional de drogas. O brasileiro estava com um paraglider “recheado” de cocaína. Passou quase dois anos preso, obteve a liberdade condicional por bom comportamento e, sendo brasileiro, foi extraditado. Longe das drogas e do tráfico Jaques resolveu escrever um livro para contar sua história, “O livro se chamará: Surfista, ex-drogado, ex-traficante, e pretendo lançar ainda em 2009.”

Para o jovem Lucas Castro, 16 anos, morador do Jardim Paulistano, o contato com as drogas vai muito de “embalo”, e as drogas nunca o influenciaram na sua vida, mesmo tendo contato indireto com ela. Na família de Lucas seu pai e sua irmã são usuários de maconha. “Nunca me deu vontade de experimentar, mesmo vendo amigos e até pessoas da minha família usando, isso vai muito da vontade de cada um, tenho amigos que até já morreram por causa de drogas, e não é isso que quero pra minha vida.”

Para Clayton Santos, 23 anos, quem se envolve com drogas tem a mente fraca. “Se a pessoa tiver força de vontade ela consegue parar, afinal é ela quem comanda suas atitudes e não a droga. Perguntado pela nossa reportagem se já tinha experimentado algum tipo de droga, Clayton revela:” Só uma única vez em que ia experimentar um cigarro de maconha, antes de levar à boca, ouvi minha mãe me chamar de longe, parece que foi um sinal, depois desse dia nunca mais quis saber de experimentar nenhum tipo de droga”.

Nem sempre essa história se repete em muitos casos os jovens acabam entrando em um caminho sem volta, trazendo dor e angustia não só para eles, mas para todos os seus familiares, que acabam sendo afetados indiretamente por esse grave problema.


Uma luz no fim do túnel
Tratamento gratuito para usuários de drogas

O serviço do Centro de Atendimento Psicossocial de Álcool e Droga (CAPS) é um serviço da prefeitura de São Paulo e existe há 12 anos. O serviço conta com dois tipos de especialidades: o psiquiátrico e de álcool de drogas. Segundo a gerente do CAPS da região central, Maria Aparecida Ranieri, cada região tem pelo menos um CAPS, mas o da região central localizado na Sé é o que atende mais dependentes por ter uma estrutura maior, além de ser o único 24 horas. O centro de tratamento a álcool e drogas da prefeitura e composto por uma gerente, oito psicólogos, dois terapeutas ocupacionais, oito médicos psiquiatras e duas assistentes sociais.

“Nosso serviço e feito através de triagem. O paciente é entrevistado por uma assistente social para saber por onde começar o tratamento. Logo em seguida o paciente já e encaminhado para o tipo de tratamento adequado”, revela Maria Carolina de Moraes, uma das psicólogas do CAPS. Mas para chegar nessa triagem o caminho pode ser mais difícil do que parece. Na maioria das vezes o paciente não quer se tratar, e chega até o CAPS pelos próprios parentes, que geralmente não têm mais a quem recorrer. O tempo do tratamento é relativo, varia de acordo com cada paciente, há casos que demoram meses e há outros que podem durar anos, tudo depende da força de vontade de cada paciente. Esclarece à psicóloga.

A prefeitura disponibiliza de um telefone, o chamado “Disque Drogas”, onde qualquer pessoa pode ligar para obter informações sobre drogas, tratamento ou orientações de como tratar um usuário.



Serviço
Saiba mais sobre o serviço Disque Drogas
Telefones 0800-7713163 ou 3105-2645 - funciona de 2ª a 6ª feira, das 8:00 às 18:00 h.
Presta informação e orientação relacionadas ao uso de drogas.

“A dança é apenas hobby, não tem como pensar em ganhar dinheiro”






Artistas da periferia têm dificuldades em conseguir patrocínio ou apoio do governo

Por Nicolli Olliveira

O break, um dos quatro elementos básicos do hip hop, tem menor difusão que outros elementos como o rap, ou o graffiti (ou grafite), mas é tão importante quanto, todos os elementos fazem parte de um só movimento de arte e cultura entre os jovens da periferia de São Paulo e do mundo.
André dos Santos, 21, trabalha como banhista em pet shop por opção. Começou a dançar break aos 11 anos de idade e vê a dança como um refúgio da violência e das drogas. Pretende estudar ecologia ou meio ambiente para tentar salvar o planeta do ser humano que a cada dia o consome mais. Em entrevista a Na Real explica o que é o break, suas concepções sobre a vida e sua não relação com as drogas.

Na Real- Quando e como você começou a dançar?
André- Comecei com um amigo, a gente andava de skate na época, eu tinha uns 11 anos. Ele acabou se mudando para outro bairro (Leme), lá que começou o break no Taboão da Serra-SP. Ele dizia que lá tinha uns moleques que dançavam e depois começou a me passar o que aprendia mesmo sem saber realmente dançar, abríamos a lona e treinávamos. Ele trazia fitas de vídeo cassete para assistirmos e imitarmos os movimentos dos americanos.

Você tem algum tipo de apoio, patrocínio ou professores?
Não. Para você conseguir um espaço para dançar, um chão liso, é muito difícil, ainda mais na minha época. Quase não existem professores, se você quiser aprender, tem que ser na rua, além disso, você nunca vai a prender a ser B. Boy profissional com professor, tudo vai depender de você, a única coisa que o professor pode te passar, são os fundamentos, só o básico.


E a família, apóia você?
Bom, minha mãe nunca foi do contra, mas também nunca arrumou um chão liso para eu dançar. Meu irmão chegou a dançar um pouco, mas parou, Tentei incentivar meu sobrinho, mas ele também parou. É difícil você aprender e pegar gosto mesmo, muita gente começa, pega gosto, treina, mas acaba desistindo por achar difícil ou perder o interesse.

Existem pessoas que dançam como profissão, ou é apenas um hobby?
Não, a dança é apenas hobby, não tem como pensar em ganhar dinheiro. Viver da dança é muito difícil, é complicado demais.

Onde você treina?
No CEU Campo Limpo, em uma escola no Embu das Artes, no projeto Escola da família e todo primeiro domingo do mês, há reuniões de B. Boys na galeria Olido, no centro de São Paulo.

Você já deu aulas de dança?
Não, só treino. Prefiro conseguir um espaço para treinar. É difícil você começar a dar aula, se esforçar e depois o aluno desistir.

Você tem um grupo de dança?
Não. Eu até tinha um “crew” (grupo), mas estava dando muita briga, resolvi desistir e continuar sozinho mesmo. Treino com um amigo só e, às vezes, no CEU, aparecem outras pessoas, de outros “crew”.

Você tem algum ídolo?
Sempre tem um profissional ou outro que a gente se inspira. Ultimamente, o movimento está mais ativo na Coréia, E. U. A, e na França. Exemplos de dançarinos perfeitos são: na Coréia têm o Fisics, nos E. U. A., o Omar e na França, o Ismael.


Você se considera bom?
(Risos) É, eu treino há muito tempo, sei que tenho presença de roda, posso entrar e sair sem receio, acho que eu vou bem.


Você tem outros projetos?
Ah, eu treinava meus pitbulls para competições, salto em distância, tração, mas parei há algum tempo. No hip hop, só danço. Já cheguei a fazer alguns graffitis, mas não continuei. Hoje em dia está tudo muito fechado, antes os quatro elementos andavam juntos. Agora é difícil haver um evento, de Mcs, por exemplo, que tenha B.boy presentes.

Você se apresenta ou só treina?
No momento, não estou fazendo nenhum tipo de apresentação porque estou sem “crew”, mas antes eu fazia, hoje está mais difícil. Apresentações exigem muita responsabilidade, tenho que me preocupar comigo, com a “crew”, com trabalho.

Qual sua visão sobre a cultura hip hop, os quatro elementos?
Algumas pessoas dizem que são cinco. Hoje em dia tem muita merda na mídia, muitos moleques começam a dançar e nem sabem o que é break, só estudando mesmo para saber. Sempre tem treta entre B. Boy e Mc, por exemplo. Os caras querem cantar e não dão espaço para a dança.

O que é Break para você?
É uma dança de rua que hoje em dia é usada mais para competições, os B. Boys criam as “crew” e treinam. Quando querem tentar ganhar um dinheiro, tem “crew” que foca mais em apresentações, só q a maioria participa de campeonatos mesmo.

E quais são os movimentos básicos?
A dança mesmo tem três fundamentos, que são: top rocking, foot work e freeze. O top rocking teve origem com o James Brown, no Bronx, por volta de 1970, e foi o primeiro passo mesmo. No Brooklin, foi criado o up rocking, que era for rock (simulando uma briga), porque o top rocking começou a ser usado como forma de provocação entre gangues que antes brigavam, depois só dançavam simulando brigas. Novamente no Bronx, os artistas perceberam que o up rocking começou a chamar mais atenção que o top rocking, então, desceram o top rocking para o chão, criando assim, o foot work. A junção destes três elementos de dança forma o break de hoje, juntamente com o freeze (congelar movimentos), um tipo de finalização e os movimentos de giro. O break tem o intuito de tirar as pessoas da marginalidade e trazer para a dança.

Já teve contato com drogas? E os outros B. Boys?
Nunca usei. De todas as pessoas que dançam que conheço, nenhuma usa. Já os meus amigos de escola que optaram por outros caminhos, a maioria, que eu saiba fuma ou usa maconha. Quando treino, não tenho nem tempo para pensar nessas coisas, só quero saber de ficar cada vez melhor, é um vício saudável, me sinto bem e sei que faz bem para mim, sei que não estou ganhando dinheiro, mas também não estou fazendo mal para mim e nem para ninguém. Drogas só atrapalham o rendimento nos treinos, nem bebo mais. Sei que a dança ajudou a não entrar nesse caminho das drogas.

André dos Santos, 21, Começou a dançar break aos 11 anos de idade

Você pretende estudar? Quais são seus planos para o futuro?
Bom, acho que se eu alcançar uma boa posição no meu trabalho, fazendo um curso de tosador, nem precisarei estudar, mas penso em fazer faculdade de gestão ambiental ou ecologia, porque meio ambiente e aquecimento global são assuntos que me interessam muito e vejo pouco interesse da população, mas infelizmente, o mercado de trabalho desta área é muito pequeno. Desde a revolução industrial, o ser humano usa descontroladamente os meios de combustível fóssil e a população cresce de forma extremamente acelerada sem pensar no mundo em que vive, apenas esgotando nossos recursos naturais. O Sub-sistema (economia) cresce de forma descompassada, enquanto o sistema (Planeta Terra) não consegue acompanhar esse sub sistema, pois não se desenvolve com a mesma velocidade que a ganância humana.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Você tem fome de quê?

As perspectivas para o futuro dos jovens da periferia

“A gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte” já falava a canção dos Titãs em 1987. Hoje, 22 anos se passaram e as necessidades dos jovens da periferia de São Paulo são as mesmas. Segundo dados da Fundação Seade: 65% da população entre 15 e 19 anos mora na periferia, onde faltam os mais diversos serviços públicos como: educação, cultura, lazer, empregos, esportes entre outros.
Mas como vivem esses jovens? O que pensam? Quais suas perspectivas para o futuro? Seus desejos e sonhos? As histórias que veremos agora são de jovens que sabem que as dificuldades para conseguir realizar seus objetivos são difíceis, mas lutam para que possam vencer seus maiores desafios e um dia obter o sucesso almejado.

“Hoje em dia o que mais importa para se conseguir um emprego é o Q.I (quem indica)”, desabafa Everton Costa Ferreira, de 26 anos, que mora no bairro Vila Nova Cachoeirinha. Everton está desempregado há cinco meses, para ele, emprego está cada mais difícil, “Estou procurando até na área de telemarketing, mesmo tendo experiência como segurança”.
As declarações de Everton fazem sentido, pois de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a taxa de desemprego juvenil em vários bairros da periferia chega a 70% - a média para todas as idades gira em torno de 16%. Apenas na cidade são cerca de 500 mil pessoas desempregadas entre 15 e 24 anos, o suficiente para lotar aproximadamente oito estádios do Morumbi. A maioria desses jovens não estuda nem trabalha.
Perguntado sobre a possibilidade de fazer uma faculdade, Everton diz: “Faculdade não é meu forte, nunca fui de estudar, meu sonho é ter minha própria empresa, hoje em dia isso dá mais futuro que uma faculdade”. Everton mora sozinho, numa casa alugada e está recebendo as parcelas de seu seguro desemprego. “Quando esse dinheiro acabar, não sei o que vou fazer”, desabafa.
“Não tenho mais expectativas”, conta a jovem Aline Lacerda de 20 anos, que mora no bairro do Jardim Penteado, como muito de seus amigos Aline estuda á noite para trabalhar de dia, mas no momento esta desempregada, “É muito difícil arrumar um emprego sem experiência”, desabafa a jovem que está do 3º ano do ensino médio. Questionada sobre qual seria seu maior sonho a jovem confessa: “Ser rica, para poder gastar muito”, (risos). O sonho de Aline está bem distante de ser tornar realidade, de acordo com Márcio Pochmann economista da Unicamp e diretor do Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (IPEA), a desigualdade social entre os jovens está cada vez maior segundo o economista no Brasil hoje temos 37 milhões de jovens na faixa etária de 16 a 24 anos. A metade desses jovens não estuda. A outra metade que estuda está fora da série. Isso distancia mais ainda o jovem da periferia de fazer uma faculdade, pois o tempo que seria de estudo acaba se tornando exclusivamente para o trabalho.

Everton Costa, está desempregado há mais de 5 meses

Um Oasis da cultura

Entrada do Centro Cultural Ruth Cardoso em Vila Nova Cachoeirinha

Localizado na Vila Nova Cachoeirinha, o Centro Cultural da Juventude está posicionado em um ponto estratégico, fica próximo a bairros como Brasilândia e Jardim Paulistano. Destaca-se também pela sua diversidade e qualidade de programação. O projeto foi criado em 2006 e é uma iniciativa da prefeitura, tendo como referência o já consagrado Centro Cultural Vergueiro, porém mais voltado para o público jovem. De acordo com Bruno Pastore, um dos monitores do centro cultural, a programação muda a cada mês. “Nossa programação básica é composta por teatro, cinema, shows, palestras, mas varia de acordo com o mês. Em novembro, por exemplo, a programação será feita só por nós, monitores”.
O prédio tem 8.000 metros quadrados, o ambiente é arejado e conta ainda com biblioteca, anfiteatro, teatro de arena, sala de projetos, internet livre, laboratório de idiomas, laboratório de pesquisas, estúdio para gravações musicais, ilhas de edição de vídeo e de áudio, ateliê de artes plásticas, sala de oficinas e galeria para exposições, além de uma área de convivência que os usuários podem usar para estudos ou apenas lazer. “Os usuários ainda podem usar as salas de oficinas para ensaios de teatro ou reuniões, agendando previamente. O espaço está aberto para toda a população”, destaca Bruno.
O estudante Jean Lucas, de 17anos, é um freqüentador assíduo do espaço, ele participa do curso de teatro e artes plásticas. O jovem vai ao CCJ pelo menos três vezes por semana. “As atividades ocupam muito tempo, para nós, que não temos muito o que fazer por aqui, isso é muito bom”. Morador do Jardim Paulistano, o jovem também participa do projeto “Bandeirantes” o qual fornece noções de cidadania e encaminha jovens para o primeiro emprego.

Marília Pereira Lima, 20 anos, está desempregada, a jovem que já trabalhou como babá, balconista e até de faxineira pretende ocupar o tempo livre com algum curso, está na dúvida se faz teatro ou violão. Marília mora com sua mãe, e doze irmãos, todos menores que ela. “Lá em casa só quem trabalha e minha mãe, eu ajudo quando faço uns “bicos”, mas não é sempre que consigo”. O futuro profissional da jovem ainda é incerto, mas seu grande sonho e ter seu próprio negocio. “Meu sonho mesmo é ser cabeleireira profissional, pretendo fazer um curso, só me falta o dinheiro”.

No CCJ também há histórias de jovens que passaram de usuários para funcionários, esse é o caso de Barbara Pino, 18 anos. A jovem, que é monitora da Biblioteca, já foi freqüentadora do espaço. “Eu fazia curso de teatro, artes plásticas, de tanto freqüentar o lugar fui convidada a trabalhar por aqui. Hoje trabalho no que eu gosto”.
Barbara passou de usuária para funcionária

Mesmo com ótima programação e oferecendo serviços aos jovens, o centro cultural ainda não atingiu seu público alvo: o jovem da periferia. Segundo Marília Jahnel, coordenadora de programação do CCJ, o espaço não é freqüentado só por jovens do local. “É normal aparecer gente de todos os bairros de São Paulo, às vezes até de outra cidade só para conferir alguma atividade”.
Em meio a tanta violência, desemprego, preconceito e descaso com o jovem da periferia, o CCJ Ruth Cardoso se destaca por ser umas das únicas alternativas de atividades culturais do local e acaba virando um “oasis” em meio a deserto de conhecimentos em que vive hoje o jovem da periferia.

Francisco Lima e Nicolli Oliveira

ServiçoO CCJ Ruth Cardoso fica na:
Avenida-Deputado Emílio Carlos, 3.641 (ao lado do terminal Cachoeirinha)
Vila Nova Cachoeirinha – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3984-2466

CONFIRA AQUI A PROGRAMÇÃO COMPLETA DO MÊS DE NOVEMBRO DO CCJ RUTH CARDOSO
http://escuta.estudiolivre.org/arquivos/2009/10/folder-novembro.jpg

sábado, 14 de novembro de 2009

Lan Houses: A febre do momento

Como uma das únicas formas de entretenimento na periferia, lan houses se tornam “points” de encontro dos jovens

Laboratório de informática do CCJ Ruth Cardoso

O uso internet se torna cada vez mais frequente nas periferias do Brasil e ainda mais em São Paulo. O que antes era privilégio das pessoas de poder aquisitivo mais alto, hoje é difundido para todos, graças ao surgimento e crescimento das lan houses (estabelecimentos que vendem o uso da internet).
As lan houses diminuem a distância entre os jovens da periferia e os jovens de classe média. “Nas lan houses os jovens veem não só uma forma de entretenimento, mas também uma maneira de se mostrar para o mundo e também de ver o mundo. É um modo de participar desse processo global e hegemônico como pode, com os meios que lhe são disponíveis,” afirma João Daniel Donadeli, criador do documentário Periferia.com, que trata desse assunto.
A internet é uma das únicas formas de entretenimento dos jovens da periferia, que utilizam sites como Orkut, Youtube e Messenger. Também proporciona contato com outras culturas, acesso a sites de emprego e serviços como atestado de antecedentes criminais e solicitação de CPF.
Segundo o Comitê Gestor de Internet no Brasil, as lan houses respondem por cerca de 49% dos acessos à internet no País.
O único problema desta nova variedade de conhecimento e cultura é a existência de grande informalidade no setor, agravada pela criação de cadastro dos usuários e a cobrança de ISS e taxa de licenciamento para abrir este tipo de negócio. O representante da Associação Brasileira dos Centros de Inclusão Digital, Rafael Maurício da Costa enfatiza: “Se tivéssemos leis que tratassem as lans houses a partir de seu potencial inclusivo, não teríamos 83% delas na ilegalidade”. Fato que se torna mais nítido ao decorrer dos anos, mostrando impossível ser ignorado pelo governo.
Existem também iniciativas gratuitas de acesso a internet, como a da prefeitura de São Paulo, que criou o Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, no bairro Vila Nova Cachoeirinha, que disponibiliza cursos básicos de como acessar e-mail e mandar curricullum on line, além de ter outras atividades culturais. “Alguns jovens chegam sem saber nem o que é mouse, e saem mandando e-mails e mandando “scraps” no Orkut, outros já sabem acessar e vem apenas porque é gratuito, ainda bem que aqui, os sites de relacionamentos são liberados”, explica Marcos Silva, professor voluntário dos cursos de inclusão digital. Marina Souza, freqüentadora assídua do centro cultural também diz: Este espaço é maravilhoso, uso para fazer trabalhos da faculdade e ainda sobra tempo para conversar no Orkut. Se o centro não existisse, não sei o que faria, pois não tenho computador em casa e sou bolsista na faculdade, pelo escola da família, não tenho dinheiro para pagar lan house todo dia”.

jovens usam internet de graça

Existe também, o programa “Acessa São Paulo” do governo do Estado de São Paulo, que, segundo o próprio programa, em oito anos de funcionamento tem 509 postos de acesso em SP e já teve 41,35 milhões de atendimentos.
Os jovens da periferia driblam o preconceito e se mostram também capazes e merecedores de um espaço no mundo globalizado.

Nicolli Oliveira

Capa

Já saiu a 1°revista Na real- a revista da periferia
Essa é a capa da nossa 1° revista...